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jornalista, escritora e viciada em café.
@neilabahia

Comunicação Sindical: O dever do encantamento


por neila santos

Fazer um jornal para o público sindical não é o como escrever para os outros veículos. Não é suficiente ter se formado em uma faculdade de Comunicação ou ainda, ter trabalhado em grandes jornais. O público sindical é formado por pessoas diferenciadas e, portanto, a comunicação tem de ser, também, diferenciada para atingi-las.

Há diversos fatores que justificam essa afirmativa. A comunicação sindical quando bem feita, convence e promove a luta. Essa luta não é pelo direito de ir ao cinema ou de comprar uma roupa nova. Essa luta implica na mudança a vida do trabalhador. O resultado está ali no bolso, no seu cotidiano. Mas, quando o contrário ocorre o que fica é a sensação de derrota e as conseqüências são trágicas. Todavia, o jornalismo sindical pode, sim, determinar qual será o desfecho da luta.

Mas, para isso será preciso estar consciente que o público para qual se escreve é composto, na sua maioria, por pessoas que não têm o hábito de ler jornais, seja porque custo que não permite; pelo nível de formação escolar; ou ainda, por suas heranças históricas as quais não cultivaram o hábito da leitura. Para se imaginar uma comunicação sindical com resultados positivos tem de se levar em conta esses fatos.

Normalmente, o trabalhador chega na empresa mais preocupado com o aborrecimento que seu chefe irá lhe causar o dia inteiro do que com que está escrito nos jornais. O que fazer então para conquistar esses proletários que se mantêm informados pela televisão, principalmente? Encantá-lo. Mas, isso não é tarefa fácil. Encantar um público que está acostumado a assistir programas televisivos bem produzidos, com linguagem e imagens atraentes requer dedicação, paixão e competência.

Não importa a ação que o sindicato irá desenvolver. Um panfleto, um programa de rádio ou um jornal precisa ser bonito, com leitura agradável e não deve tratar somente de condições de trabalho e aumento salarial, mas deve falar de cinema, musica, teatro. Opções de lazer e poesia, porém dentro das possibilidades de cada classe. Sobretudo, poesia. A comunicação deve estar cheia dela, enfeitando e dando graça ao texto, pois se este não encantar terá destino certo: a lata do lixo.

O receptor da comunicação sindical quer notícias concretas. Sem firulas. Ele quer saber, principalmente, do seu aumento, anuênio, sua aposentadoria, férias. Por fim, seus direitos enquanto trabalhador.

Sendo assim, de nada adiantará escrever matérias maravilhosas sobre a revolução ou sobre a participação nos lucros da empresa se a linguagem é inacessível e o tema desinteressante. Isso não se trata de nivelar por baixo. Tratar-se de adequações à realidades distintas. Tudo irá depender para quem se escreve. E o jornalista sindical deve estar atento a isso.

Fazer um trabalho incompreensível é pior do que não fazer nada. Esqueçam o “politiquês, o esquerdês ou o sindicalês”. Essas linguagens podem ser claras para uns, mas será totalmente obtusa para os trabalhadores que não estiverem envolvidos no “metier”. ☻








Comentários

  1. Maravilhoso ver você trilhando uma profissão de forma encantadora, apaixonante.
    Sua forma de escrever nos envolve, nos questiona e nos leva a refletir o nosso papel na sociedade. Parabéns!

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  2. Êita, sindicalista! Parábens pelo texto, tá bem legal!

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