Torcia para revê-lo, mas nunca conseguira.
Depois de tanto tempo, de tanto lembrar, até tinha esquecido como era aquele rosto.
Quando menos esperava o encontrou, porém não sabia o que fazer com aquela presença.
Tinha se acostumado tanto a viver sem que simplesmente não sabia.
Revirou a bolsa buscando algo que não havia guardado, só para ter o que fazer.
E ficou assim.
Tentava pensar, desviar o olhar, ver outra coisa.
Até da dor que lhe cortava as entranhas e se esvaía em sangue esqueceu.
Nada tinha cor a não ser aquele rosto morto.
E aquele sabor estranho, de onde vinha? Um gosto de mofo.
Nunca tinha comido mofo, mas sabia bem que gosto tinha.
Não queria mais ver. Estava decidido.
Correu para casa e furou os olhos.
Dormiu.
Agora sim, não veria mais nada.
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