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hello.

jornalista, escritora e viciada em café.
@neilabahia

Faca na caveira?






- Pena de morte?
Perguntei. Ele não teve tempo de responder.
- E tu acha que quem é que vai morrer?
Perguntei de novo.
- Quem pesca em época de defeso porque não tem comida, um lavrador que raspa a casca de uma árvore "protegida" pelo IBAMA porque precisou fazer um chá, alguém que furtou um shampoo, no mercadinho. Não os responsáveis por imensos derramamentos de óleo no mar, não os madeireiros exportadores ricos, aliás riquíssimos. Não são os playboys que bebem e cheiram, depois saem pra se divertir em seus "pegas" assassinos. Esses não são punidos.
Respondi. Triste, porque a pena de morte funciona como funciona a lei: para os pobres, contra os pobres, é claro.
A pena de morte existe e é institucionalizada pelo Estado. Não é, Bope; Rota; Garra; Rondesp [toda a polícia e suas elites assassinas]; traficantes; classe média; ricos e políticos? Vocês têm licença. Vocês podem e não dará em nada.
Assisti Tropa de Elite, domingo. Faço parte de uma minoria que viu e não gostou. O que esse filme passa de bom? Nada. Quem sofre dentro disso tudo? Os que nada tem a ver, os moradores quem tem suas casas invadidas, seus filhos mortos, enquanto voltam de uma escola fudida.
A guerra das drogas é um círculo vicioso, com toda carga da palavra: Políticos - traficantes- usuários. Assim acontece com as drogas lícitas, o álcool que adoramos ou os tarjas - pretas que precisamos. Quem financia a indústria farmacêutica que lucra zilhões e detonam pessoas e animais, em suas experiências macabras, na busca do alto faturamento?
Quem liga pras crianças viciadas nos alambiques ou para os lares destruídos pelo álcool? Quem liga pras várias crianças que viram fogueteiros, falcões, boqueiros ou bichos soltos como a gente chama aqui, na Bahia? O buraco é muito mais embaixo, dona Tropa de Elite. Um dia vocês não vão mais pegar geral. E nesse dia, haverá a revolução.
"Na cara não que é pra não estragar o velório."

Comentários

  1. Não esperava que você reagisse assim. O filme é uma deixa para uma discussão imensa sobre drogas, repressão policial, etc.

    O nosso grande problema é não ter os olhos da isenção. Sabemos de toda injustiça cometida dia após dia no Brasil e não é diferente em outros lugares do mundo.

    Outro problema:
    No Brasil, ainda não há uma "educação fílmica" que deixe a discussão aberta. Há uma identificação errônea de tudo de ruim que possa ter no filme. É "faca na caveira" prá lá, é "perdeu" prá cá...o povo tem absorvido aquilo que diretamente não o representa, mas sim aquilo que o aliena e deixa marcado, como gado na fila do matadouro.

    "...povo marcado, é povo feliz..."
    (Zé Ramalho)

    Beijo, Chatolinda! Feliz e triste Jornalinda!

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  2. Você já pode ler os versos mais despretensiosos da face da Terra se clicar no nome do meu blog, logo aqui acima, em azul. Que tal?
    Só tenho medo de ser castrado por causa dessas coisas.
    Valeu pela visita!

    Um grande beijo, chatolinda!

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