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hello.

jornalista, escritora e viciada em café.
@neilabahia

A hora do salto



- Vá em frente! – disse ele.
Soaria como um incentivo se ela não estivesse diante de um precipício.

Não tinha coragem, simplesmente não tinha.

Sabia o quanto ele tinha se arrependido, até havia lhe confessado isso.
Era difícil dar o braço a torcer, mas queria aquele amor retalhado.

Tentou fugir desse emaranhado de sentimentos e lutava com todas as forças para se jogar e acabar de vez com a angústia que corria seu corpo e parava na garganta.

Estava apenas a um passo, não seria tão difícil, mas ela estava inerte, como se uma força a prendesse ali.

De repente, todas as lembranças vieram à tona.

As noites tristes, os dias sombrios.
Aquele sentimento de perda que detestava tanto.

Mantinha-se sempre calada, como se ausência das palavras pudessem apagar os momentos ruins que viveu.

Era preciso decidir, tinha certeza. 
Apenas não sabia como fazê-lo.

- Você é uma tonta. Está presa a mim e tem que aceitar sua condição! – tornou a afirmar.

Era o que ela precisava.

Aquele homem não poderia controlar sua vida. Pularia e pronto.

Mesmo contra sua vontade pularia, só para provar que era mais forte.
Sempre foi assim. Adorava ser desafiada e mostrar que poderia violar o que lhe impunham.

Não seria preciso contar até três.

Voltou a lembrar dos piores momentos de sua vida, tornando-se cada vez mais audaciosa.

Quando ele menos esperava, ela pulou. E caiu.
Até parar suspensa no ar.

Ele a havia amarrado enquanto ela pensava.

- Você é minha! Está condenada a viver à minha sombra. – sentenciou pretensioso.

O que ele não sabia é que ela levava uma faca.
Poderia furar o peito e deixar que ele a carregasse morta para sempre.

Mas aquilo não era um arrufo. Ele duvidara dela e não poderia ser assim.

Achou que não se desvencilharia. Pois bem.

Mostrou-lhe a faca e seu sorriso cínico se desfez.

Poderia ser dele enquanto estava lá, em cima.
Agora não tinha mais jeito. Já tinha pulado. Não voltaria atrás.

Então, fechou os olhos e cortou a corda de uma vez.

Comentários

  1. Olá escritora tudo bom ????
    Gostaria de comentar este conto com outro conto que tive escreve lá no meu blog o NOme é "Garotas palidas na minha cama" esta postado no mês de maio.
    abração
    saudações

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  2. sem muitos detalhes, mas intenso, como sempre :)

    gosto assim também.

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  3. rs

    Também estou "cortando cordas"...

    gostei de tudo por aqui...

    Bjos

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  4. Primeira vez que venho por aqui, e já dei de cara com um ótimo texto! Pra quem não entende, até parece uma coisa meio fúnebre né, mas tem um sentido completamente implícito - ou explícito. Muito bom mesmo...
    Como a 1ª impressão é a que fica, voltarei mais vezes
    Abraço
    http://falandoprasparedes.blogspot.com

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  5. Simplesmente incrível. Adorei meesmo, muito bom.

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  6. escreva mais!!
    adorei a narrativa
    grande abraço

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  7. Como assim quase escritora? Como assim quase fotógrafa?
    Além de ser minha irmã, você é tudo isso e um montão de coisa assim ó
    \____________0___________/
    Te amo Garota do Jornal!

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  8. Entrei no blog por acaso e gostei muito do texto...

    Ele me mostrou o quanto é importante manter meu canivete no bolso.

    Abraços,
    Paulo Dodô
    www.o-desenfado.blogspot.com

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